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Nesta semana marcada pelos 50 anos do golpe civil-militar a Câmara de Araras relembra alguns fatos históricos e divulga a repercussão na imprensa escrita local. A pesquisa foi baseada no arquivo de jornais que estão na hemeroteca da Câmara.

Após o golpe de 1964, ocorrido entre os dias 31 de março e 1º de abril, a imprensa divulgou os acontecimentos nacionais. Em Araras, os periódicos impressos também publicaram notícias sobre a deposição do presidente João Goulart e a posse do deputado Ranieri Mazzilli, então presidente da Câmara dos Deputados.

Na época circulava o Semanário de Araras, em formato tabloide, que tinha como diretor o professor Milton Severino e diretor redator Jayr Russolo. Na edição do dia 4 de abril de 1964 foi publicada uma nota na primeira página com o título "Novo Presidente da República". A breve notícia dizia: “Tomou posse na madrugada do dia 2, o novo presidente do Brasil, sr. Paschoal Ranieri Mazilli, que exercia as funções de presidente do Legislativo Federal”. 

Outro jornal local que relatou os fatos foi a Tribuna do Povo, que tinha como seu então diretor-proprietário Elísio Zurita Fernandes. Na edição do dia 5 de abril de 1964, o jornal tratou dos acontecimentos políticos e militares. Na capa o título principal era: “Após Momentos de Grande Expectativa por que passou a Nação Brasileira, Volta a Reinar a Tranquilidade no País". Confira alguns trechos da publicação: "As últimas horas da tarde de terça-feira, dia 31 de março, o Brasil e seu povo passaram a viver autênticas horas de verdadeira angustia e geral expectativa, em virtude de graves acontecimentos político-militares que começaram a ocorrer em nossa Pátria. (...) O país, logo após a renúncia do ex-presidente Jânio Quadros, e com a posse de Goulart, com o Parlamentarismo, com a volta ao Presidencialismo e, notadamente, com a pregação de Reformas de Base, a qualquer preço, mesmo à custa de se violar a Constituição da República, passou nos últimos meses, a se convulsionar profundamente com danosos reflexos em todos os setores da vida nacional. (...) O ex-presidente Goulart  acenando ao operariado laborioso do Brasil, com promessas de profundas melhorias escondia, aos olhos dos menos avisados, seus verdadeiros propósitos. Hoje, passada a agitação maior, são revelados os autênticos desejos de Goulart e de sua equipe vermelha, cujos anseios eram transformar o Brasil num país satélite da Rússia Comunista”.

O texto também comenta a posse do presidente da Câmara dos Deputados e é encerrado com exclamações: "Com a fuga de Goulart, o Congresso houve por bem declarar vaga a presidência da República, dando posse, segundo a Constituição, ao Deputado Ranieri Mazzili, no alto cargo de presidente do Brasil. Voltou, assim, a reinar a tranquilidade em chãos da Pátria! Prevalecem, pois, os princípios da Ordem, da Disciplina e da Hierarquia, tão profundamente abalados nos últimos tempos! Nossa pátria respira de novo o ar da liberdade e do respeito, que só se pode observar um país democrático! Viva o Brasil! Viva a Democracia Cristã! Viva os Guardiães da Democracia, Civis e Militares! Que Deus continue protegendo a Pátria Brasileira!"

O presidente da Câmara, vereador Breno Cortella falou da importância do estudo sobre o Golpe de 1964. Ele ressalta que ironicamente o argumento público era de que a liberdade e a democracia estavam sendo protegidas, quando o que ocorreu nos 21 anos seguintes foi justamente o contrário. "Assim como a ata da sessão da Câmara é preciso também contextualizar a cobertura da imprensa. Isso tudo nos revela as motivações e os embates políticos e sociais que estavam em curso", disse. E ressalta novamente a frase que vem sendo utilizada pelas Comissões da Verdade: "Para que nunca mais se esqueça e para que nunca mais aconteça".